Numa sociedade voltada para o verbo Ter, Ser é quase um acto de rebelião. Acto esse, cada vez mais urgente!
A meu ver, a arte é a ponte mais estreita entre céu e terra, ligação essencial para a vivência inteira do Ser.
Procurei desde sempre essa completude. Ainda a persigo. Nessa busca, que na verdade sempre foi existencial, surgiu o teatro, quando me cruzei com ele dei início a uma viagem ao centro de mim mesma. Através dele encontrei o mundo inteiro e claro. Encontrei-me. A sintonia e o alinhamento que provocou foram e são determinantes na minha vida. Abraçar esta arte obrigou-me a um autoconhecimento intenso e militante, permitiu-me explorar possibilidades, habitar espaços emocionais, estéticos, dimensões várias, todas elas reais. Permitiu-me expressar-me em liberdade e consciência.
É minha convicção que a arte deveria fazer parte dos currículos escolares independentemente da área, desde a primária até ao fim do liceu. Não porque todos são ou deveriam ser artistas ( ou se calhar até deviam!) mas porque a arte liberta, ajuda a fruir e a navegar a vida com mais profundidade e destreza. Da desvalorização da arte e do seu poder estruturante, resultam tantas pessoas adultas amputadas na sua expressão.
Considero o ensino uma profissão de grande responsabilidade e importância. Felizmente todos nós temos na nossa história pessoal, professores inspiradores. Que poderia eu realmente trazer de valor ao mundo, dessa forma? Foi a pergunta que me coloquei! A resposta surgiu clara; mais que ensinar, gosto de pensar que facilito processos.
A Arte de Ser confunde-se com a minha própria busca por essa Arte maior que é a vida! Ser com toda a Arte de que sou capaz e ajudar outros a fazê-lo! E tem sido uma viagem e tanto!